COVID-19: Coordenar o diálogo com os credores

Nas últimas semanas, e de modo a dar resposta à atual situação, o Governo aprovou várias medidas visando apoiar a economia, as empresas e a população em geral.

No que às empresas diz respeito, um dos pontos mais críticos para a sua sobrevivência prende-se com a necessidade de flexibilidade relativamente às suas fontes de financiamento junto dos credores. Além de moratórias de 6 meses nos créditos bancários, importa destacar medidas como as diversas linhas de financiamento de apoio à tesouraria e de apoios especiais aos setores mais afetados. Até à data, o montante destinado a estes apoios ascende aos 6,2 mil milhões de euros. Apesar de todos os esforços do Governo, estas medidas apresentam algumas limitações quer na capacidade de resposta, quer na capacidade de acesso por parte dos empresários.

Apoios governamentais à tesouraria

Os esquemas apresentados para ajudar a combater o impacto da COVID-19 na economia, recentemente alargados a vários setores de atividade, irão, sem dúvida, ajudar várias empresas. No entanto, observam-se diversas limitações e dificuldades no acesso a estes apoios.

  • As linhas de crédito têm à disposição montantes máximos de financiamento, para PMEs e Microempresas, entre 50.000 e 1.500.000 de euros, garantidas pelo Estado até 80% - 90%, num prazo até 6 anos
  • No caso de Small Mid Cap e Mid Cap o montante máximo do financiamento é de 2.000.000 de euros e a garantia mútua de até 80%
  • A empresa suportará uma taxa de juro fixa ou variável acrescida de um spread, cujos limites máximos variam entre 1% e 1,5% de acordo com a maturidade do financiamento
  • Adicionalmente, o Governo criou três linhas específicas dirigidas a empresas de Restauração e Similares (600 milhões de euros), a empresas de Empreendimentos e Alojamentos Turísticos (900 milhões de euros) e a empresas de Agências de Viagem, Animação Turística, Organizadores de Eventos e Similares (200 milhões de euros)

Outras medidas relevantes no apoio às empresas

  • As empresas que encerrem, total ou parcialmente, a sua atividade ou registem uma queda de, pelo menos, 40% do volume de negócios podem aceder ao Lay Off. Nesta situação a empresa recebe um apoio equivalente a 70% de 2/3 da remuneração do trabalhador
  • O Governo aprovou uma moratória de crédito de até 6 meses, permitindo o diferimento do pagamento das responsabilidades das empresas perante instituições financeiras
  • As empresas têm flexibilidade no pagamento de Impostos e podem diferir dois terços do valor das Contribuições durante 3 ou 6 meses.
  • O Governo apresentou, ainda, medidas extraordinárias no âmbito do programa de incentivos Portugal 2020, tais como a aceleração de pagamento de incentivos e o diferimento do prazo de amortização de subsídios.

Processamento das ajudas de crédito - Prioridades bancárias

No sentido de acomodar o referido supra, os credores (bancos) irão:

  • Priorizar atuais clientes em relação a novos negócios, particularmente em situações de financiamento de curto-prazo para cobertura de risco de obrigações financeiras já existentes
  • Dar prioridade a entidades com necessidades de caixa imediata face às que têm planos de contingência
  • Analisar ao detalhe a performance pré- COVID-19
  • Considerar medidas de adiamento de reembolsos par além da concessão de novos créditos

O novo Coronavírus tem uma importante relevância na atual tomada de decisão dos credores, no entanto não será vista pelos mesmos como uma forma de “salvar empresas” com problemas estruturais prévios.

O melhor conselho - Esteja preparado

  • Antes de abordar um credor, prepare previsões negativas do impacto antecipado da COVID-19, que podem ser apresentadas relativamente às suas previsões BAU (Business As Usual)
  • Saliente as medidas implementadas e planeadas para proteger a performance operacional e a geração de fluxos de caixa. Certifique-se que foram consideradas todas as opções disponíveis
  • Assegure que o credor está ciente de que o negócio é rentável num cenário de normalidade. Retrate o seu negócio da melhor forma possível
  • A proposta ao credor deve ser clara e fundamentada. O foco no que os credores exigem da sua decisão permitirá a aceleração do processo de crédito e a obtenção de uma resposta positiva
  • Considere fontes alternativas de liquidez enquanto mantém conversações com o seu banco habitual. Estamos atentos a vários credores alternativos que procuram abrir capital fora dos esquemas apoiados pelo Governo dirigidas a empresas afetadas pela COVID-19

Sem dúvida, assistiremos a novas mudanças à medida que esta situação se desenrola. De modo a aconselhar os nossos clientes neste período de incerteza, a Clearwater International dispõe de uma vasta experiência em consultoria bancária, reestruturação e assessoria de dívida.

Para discutir este tema ou saber como podemos ajudar a sua empresa, entre em contacto connosco.

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